O livro O Guardião de Memórias, de Kim Edwards, retrata a história do médico e fotógrafo amador David Henry que, bastante egoísta, abre mão de sua filha por ter Síndrome de Down. Tem como preferência dizer à sua mulher, Norah, que a menina faleceu durante o parto e apenas Paul sobreviveu. Até onde pode chegar a mentira para proteger alguém?
A partir do livro conhecemos uma verdadeira história de família, com todos os seus problemas e peculiaridades. A carga da lembrança torna-se uma força motor para os personagens, levando-os muitas vezes a tomarem atitudes dignas de desaprovação, como por exemplo a mentira. Diversas vezes o doutor teve a oportunidade de se encontrar com sua filha, chegando a observá-la por trás de um vidro. Por medo ou covardia, recuou e absorveu a ideia de que ela ausente de sua vida seria melhor para todos. As constantes falhas de David nos fazem refletir sobre o peso da omissão e a importância de estar com a consciência limpa.
A obra da autora Kim Edwards é boa, mas peca no aspecto do excesso descritivo. A narrativa, apesar de envolvente, se mostra bastante descritiva, deixando a leitura lenta e pesada. São páginas e páginas de descrições de ambiente que, ao meu ver, se tornam dispensáveis na medida em que há problemas a serem solucionados. Tendo em vista a temática do conflito em uma família marcada pela ausência de diálogo, confirmo com precisão a necessidade da leitura por sua característica realista.
Em suma, penso que o final do livro poderia ser melhor explorado, além de demarcar melhor traços da personalidade de Phoebe, filha de David. Apesar da narrativa lenta, a história prende devido à sua carga realista e a curiosidade da forma como resolverão um problema enfrentado por muitas famílias atualmente. Recomendo para quem não se importa em esperar o próximo acontecimento de fato de um livro.
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